O isolamento social tem aumentado à exposição de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, levando ao aumento da violência nesse período de pandemia. O agravamento do problema se dá pelo distanciamento das crianças do seu convívio social e escolar. Por isso, medidas protetivas ao público infantojuvenil podem partir da comunidade, através do olhar atento e da denúncia de casos de violência é o que alertam a promotora da Criança e do adolescente do MPPB, Soraya Nóbrega; a psicóloga Andrew Morley; o psicólogo Paulo Endo e a médica pediatra Juliana Martins Monteiro.
“Muitas crianças e adolescentes desconhecem os canais de denúncia, mas é preciso ouvir os gritos silenciosos das vítimas e atuar para cessar a violência, apesar do distanciamento social. Tirar do escuro situações que são sempre cercadas de sofrimento e segredo através da denúncia”, afirmou a promotora Soraya Nóbrega.
Para Andrew Morley, á medida que o coronavírus continua ativo na sociedade, milhões de pessoas se refugiam em suas casas para se proteger. “Infelizmente, a casa não é um lugar seguro para todos, pois muitos membros da família precisam compartilhar esse espaço com a pessoa que os abusa. Escolas e centros comunitários não podem proteger as crianças como costumavam nessas circunstâncias. Como resultado, nosso relatório mostra um aumento alarmante nos casos de abuso infantil a partir das medidas de isolamento social”, disse.
Mais de 70% dos crimes de abuso sexual contra crianças e adolescentes registrados pelo Disque 100 (serviço do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos )foram cometidos na casa das vítimas, no ambiente familiar. O Disque 100, registrou 95.247 denúncias de violência contra crianças apenas em 2020, aumento de 9% se comparado às 86.800 denúncias de 2019, antes da pandemia.
Paulo Endo, diz que “a criança, como qualquer pessoa em uma relação assimétrica de poder, está em situação potencialmente violenta”. A situação de total dependência dos pais permite que o adulto decida se violentará ou não a criança, se será excessivo ou não.
As formas de violência contra crianças e adolescentes são diversas, detalha a médica Juliana Martins Monteiro, entre elas, estão a violência física, violência sexual, violência psicológica, a negligência, o bullying e o cyberbullying. “Excepcionalmente, a criança chega aos serviços de saúde com queixa de violência. Podemos suspeitar dela por meio dos sinais, físicos ou não, pelo olhar e escuta atenta, já que a criança pode se mostrar com medo, muito introvertida ou com alterações no comportamento”, comentou.
crédito PBAGORA