Muitas escolas da rede pública no Brasil não oferecem condições elementares, como água, energia, banheiro e cozinha para profissionais e estudantes
JC
Publicado em 28/09/2025 às 0:00
Notícia
É o fato ou acontecimento de interesse jornalístico. Pode ser uma informação nova ou recente. Também
diz respeito a uma novidade de uma situação já conhecida.
Artigo
Texto predominantemente opinativo. Expressa a visão do autor, mas não necessariamente a opinião do
jornal. Pode ser escrito por jornalistas ou especialistas de áreas diversas.
Investigativa
Reportagem que traz à tona fatos ou episódios desconhecidos, com forte teor de denúncia. Exige
técnicas e recursos específicos.
Content Commerce
Conteúdo editorial que oferece ao leitor ambiente de compras.
Análise
É a interpretação da notícia, levando em consideração informações que vão além dos fatos narrados.
Faz uso de dados, traz desdobramentos e projeções de cenário, assim como contextos passados.
Editorial
Texto analítico que traduz a posição oficial do veículo em relação aos fatos abordados.
Patrocinada
É a matéria institucional, que aborda assunto de interesse da empresa que patrocina a reportagem.
Checagem de fatos
Conteúdo que faz a verificação da veracidade e da autencidade de uma informação ou fato divulgado.
Contexto
É a matéria que traz subsídios, dados históricos e informações relevantes para ajudar a entender um
fato ou notícia.
Especial
Reportagem de fôlego, que aborda, de forma aprofundada, vários aspectos e desdobramentos de um
determinado assunto. Traz dados, estatísticas, contexto histórico, além de histórias de personagens
que são afetados ou têm relação direta com o tema abordado.
Entrevista
Abordagem sobre determinado assunto, em que o tema é apresentado em formato de perguntas e
respostas. Outra forma de publicar a entrevista é por meio de tópicos, com a resposta do
entrevistado reproduzida entre aspas.
Crítica
Texto com análise detalhada e de caráter opinativo a respeito de produtos, serviços e produções
artísticas, nas mais diversas áreas, como literatura, música, cinema e artes visuais.
Clique aqui e escute a matéria
Seria difícil imaginar que, num país com tantas disparidades regionais, o cotidiano na educação básica fosse similar, com semelhantes condições estruturais para estudantes, professores e demais profissionais, em qualquer parte do Brasil. Mas o que o Anuário Brasileiro da Educação Básica revela, em sua edição 2025, é que a desigualdade também segue sendo componente perpetuador da desigualdade, até nas salas de aula. Eis a primeira lição, provavelmente compreendida logo cedo por crianças e adolescentes: na escola falta muita coisa, e para a educação melhorar, formar cidadãos ciosos de seus direitos e deveres, as unidades escolares demandam conquistas estruturais para começarem a cuidar da educação, a partir de um patamar de dignidade.
Menos da metade das escolas públicas do país possuem rede de esgoto – pouco mais da metade, 57%, apresentam rede de esgoto. Acima de 20%, em média, no território nacional, não dispõem de coleta de lixo. A climatização ocorre em menos de 40% delas – percentual que sobe para 42% em solo pernambucano. E quase 5%, no país, não contam com qualquer tipo de conexão, ou sequer energia para ligar os equipamentos disponibilizados. Laboratórios de ciências e de informática, além de quadras esportivas, são outros itens estruturais em falta em várias escolas, sobretudo no ensino fundamental.
Os dados do Anuário, elaborado pelo movimento Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Santillana e a Editora Moderna, decerto reproduzem a realidade na qual as escolas estão inseridas. Mas a indiferenciação do pano de fundo ressalta um problema de continuidade que já deveria ter sido alvo de políticas públicas duradouras, há muito tempo. Se as escolas não exibem distinção em relação ao lado de fora, e podem reproduzir, para alunas e alunos, o que seus pais não gostariam de ver reproduzido – as dificuldades vivenciadas em casa, na rua, na comunidade – é porque não foi dada prioridade à educação no investimento estrutural.
E assim, instaladas na areia movediça da desigualdade, as unidades escolares fazem bem menos do que poderiam fazer para a transformação social que, em última instância, são construídas. Porque não dá para desvincular a infraestrutura ausente, na entrada, dos resultados insatisfatórios, na saída, depois de anos de frequência. Essa ausência está “diretamente ligada às condições de aprendizagem dos estudantes”, recorda Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação. Pouco mais de um terço dos estudantes que saem dos anos iniciais do fundamental aos 12 anos, exibem aprendizagem adequada em português e matemática. Nos anos finais, até os 16 anos, o nível ideal de aprendizado dessas disciplinas não chega a 17%.
O planejamento de políticas públicas para a melhoria do aprendizado, em todos os níveis de governo, precisa levar em conta, além das questões referentes às condições de aula, aquelas que concernem à estrutura da escola. Sem a compreensão abrangente da desigualdade instalada, o ensino continuará defasado por fatores alheios à educação, mas que a prejudicam em sua aplicação diária.




