Em alguns casos, a derrota proposital é a única forma de evitar que aliados políticos cresçam e ameacem o poder de quem os lidera.
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Na política, nem sempre uma candidatura é lançada para vencer. Muitas vezes, o movimento de colocar um nome na disputa já nasce marcado para a derrota estratégica. É algo que veremos bastante na próxima eleição, podendo acontecer na disputa nacional e até em Pernambuco.
Isso não significa incompetência ou falta de estratégia, pelo contrário, pode ser exatamente o cálculo frio de sobrevivência de um grupo político. Quando não há condições de vitória, lançar um candidato que vá perder pode ser a melhor forma de preservar lideranças maiores e preparar o terreno para o futuro.
O tempo certo
Um exemplo claro aconteceu em Pernambuco em 2022. O PSB enfrentava um desgaste enorme depois de oito anos de Paulo Câmara no governo. A rejeição era tamanha que qualquer nome associado aos socialistas teria dificuldade em se viabilizar.
João Campos, prefeito do Recife, mesmo que tivesse idade mínima, não seria a aposta certa naquele momento. Nenhum outro nome que representasse diretamente a família Campos seria candidato pelo PSB. E fosse quem fosse, a derrota era imprescindível.
O partido lançou Danilo Cabral (PSB), já sabendo do peso que carregava. A ideia era atravessar a derrota e preservar João Campos para 2026 ou até 2030. Se você lembrar, Campos quase não apareceu na campanha. Era como se nem fosse o partido dele.
O fato é que, se um socialista vencesse a eleição, Campos não teria espaço para ser candidato em 2026, como tem agora, porque não iria derrubar um companheiro de partido sentado no governo. Em 2022 era preciso perder.
O exemplo petista
A lógica também já apareceu no campo da esquerda em 2018. Com Lula preso, Fernando Haddad virou candidato do PT. Mesmo que houvesse o desejo real de vitória, alguns movimentos do partido mostravam que ele estava ali para segurar o lugar até a volta do líder.
Se Haddad tivesse vencido, ele se transformaria na principal figura da esquerda, diminuindo a centralidade de Lula quando este fosse solto. A derrota, nesse caso, preservou a hegemonia do ex-presidente no cárcere.
A candidatura de Haddad funcionou como uma travessia necessária para manter intacto o capital político de Lula. Para isso, era necessário que ele perdesse.
Quando o aliado atrapalha
Outro caso é o da direita bolsonarista hoje. Lula mantém força considerável e Jair Bolsonaro está fora do jogo por estar inelegível. O nome com maior capacidade de enfrentar o presidente é Tarcísio de Freitas (Republicanos). O problema é que, se ele vencer, o capital político da direita deixa de orbitar em torno da família Bolsonaro e passa a girar em torno do novo presidente.
Para os bolsonaristas, apoiar Tarcísio significaria correr o risco de perder o protagonismo. Por isso, a tendência é empurrar para a disputa nomes que não assustem muito o petista.
Por incrível que pareça, mesmo que eles nunca admitam isso, para a família Bolsonaro, Lula ser reeleito é muito melhor do que Tarcísio virar presidente. Se o PT continua no poder, a polarização continua intacta nos moldes atuais, com um dos polos sendo Bolsonaro, mesmo preso.
O “candidato para perder” vira um escudo, mantendo o campo livre para que o ex-presidente continue sendo a referência de antagonismo.
A derrota que abre portas
Se para alguns o papel de “candidato para perder” é apenas o de proteger lideranças, para outros ele pode significar projeção.
José Mucio, em 1986, aceitou ser adversário de Miguel Arraes em Pernambuco em uma eleição considerada impossível de vencer. Perdeu como esperado, cresceu como surpresa. Saiu do processo conhecido e fortalecido.
O caminho que parecia suicida abriu espaço para que depois se tornasse deputado, ministro, líder de governo e presidente do Tribunal de Contas da União.
A utilidade da derrota
A política é feita de cálculos que vão além da vitória imediata. Lançar candidatos para perder pode ser um gesto de sobrevivência, de preservação ou até de construção de novos nomes.
Em algumas ocasiões, serve para atravessar uma tempestade e reaparecer com força em outro momento. Em outras, é a forma de evitar que uma liderança consolidada seja ameaçada dentro do próprio campo.
A história brasileira mostra que perder nem sempre é o fim, muitas vezes é apenas o passo necessário para preparar o próximo movimento. Mas, para isso é preciso saber perder. Nem todo mundo sabe.




