Em três anos seguidos de prejuízos que acumulam um déficit de mais de R$ 4 bilhões, a empresa é o reflexo da má gestão pública no Brasil
JC
Publicado em 21/10/2025 às 0:00
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O anúncio de que os Correios estão atrás de um empréstimo de R$ 20 bilhões para arrumar as contas mais que desarrumadas, vem num momento em que a crise na estatal de entrega de cartas e encomendas nunca esteve tão profunda. São 12 trimestres consecutivos de resultados financeiros no vermelho, um buraco que só cresce há três anos e significa um rombo de R$ 4,3 bilhões nos cofres públicos – ou seja, nos bolsos da população, que é quem paga pelos prejuízos realizados ou permitidos pelos governos. No caso, pelo governo federal, que desde Jair Bolsonaro, passando por Lula e possivelmente sendo entregue ao próximo ou próxima ocupante do Planalto, abriga a ineficiência gigantesca dos Correios.
Segundo informações publicadas no jornal O Globo, acordos coletivos e reajustes salariais acima da inflação compõem parte considerável da dívida formada nos últimos anos. O que não quer dizer que os recursos humanos não mereçam melhores salários. Certamente merecem – e não apenas nos Correios. A questão é saber quem paga pelos aumentos, uma vez que o cheque especial do poder público utiliza o lastro de todos os brasileiros, assumindo dívidas que se transformam em bolas de neve no caminho dos cidadãos.
Em outro flanco, a abertura do mercado para produtos internacionais fez com que os Correios tivessem uma perda de receita da ordem de mais de R$ 2 bilhões desde 2023. O cenário demonstra a preferência do consumidor por outras formas de entrega, expondo a ineficiência que não se pode tapar com a peneira da ideologia. O patrimônio dos Correios é importante para os brasileiros, mas os brasileiros também têm que ser importantes para os Correios. Se os serviços não são prestados como a população espera e a população espera bastante – a escolha por uma alternativa de entrega logo se impõe.
O pedido de empréstimo neste final de ano repete o que se viu no final do ano passado, à diferença do valor envolvido. Em 2024, os Correios conseguiram um aporte de R$ 550 milhões para fechar as contas. Agora, o valor pedido é de R$ 20 bilhões, para se ter uma ideia da deterioração das finanças. Esse dinheirão é visto como necessário para dar conta das dívidas e dos juros que precisam ser pagos. E para conter um escoadouro que não cessa: das mais de 10 mil agências em operação, apenas 15% apresentam superávit. As demais dão prejuízo à empresa – que é pública, ou seja, dá prejuízo ao Brasil.
O acesso universal aos serviços, através de tarifas que levam em consideração o fosso da desigualdade nacional, é um argumento recorrente para a tese de um patrimônio estatal que deve ser mantido. Um conjunto extenso de medidas está em andamento, como o programa de demissões voluntárias e a venda de imóveis. Mas o que aparece cada vez com maior nitidez é a oportunidade do debate transparente acerca da privatização dos Correios. Preservando a universalização como princípio, primando pela eficiência e solucionando a crise do tamanho do serviço prestado ao país, não há por que esse debate não ser travado, o mais rápido possível.




