A idealização de juízes como salvadores cria atalhos perigosos, enfraquece instituições e cobra um preço alto da democracia quando o ego se sobrepõe.
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No período da operação Lava Jato, o então juiz Sergio Moro costumava ser comparado com um super-herói. Havia manifestações com pessoas empunhando balões inflados que representavam isso. Vaidoso, ele gostava das referências e chegou a conceder entrevistas na época dizendo que gostava de quadrinhos, mas afirmava se identificar mais com o Demolidor. O herói da Marvel é um justiceiro que atua durante o dia como advogado e caça os criminosos à noite à revelia da Justiça.
Curioso, considerando o rumo que as coisas tomaram para o ex-juiz.
Heróis togados
Alexandre de Moraes, o ministro do STF, já deu entrevistas falando sobre super-heróis também. Nesse caso, a preferência dele é pelo Superman. A afirmação veio enquanto respondia sobre as piadas que os colegas faziam com ele, chamando-o de “Lex Luthor”, o careca e inimigo do mocinho. Era o próprio Moraes, ainda promotor de Justiça em São Paulo, quem se comparava ao “homem de aço”.
Complexo de herói
Esse gosto dos juízes brasileiros pelos quadrinhos com personagens que costumam agir contra os criminosos “custe o que custar” tem nuances que poderiam ser analisadas por psiquiatras. O “Complexo de Herói” existe e pode ser um problema sério.
Geralmente são pessoas com personalidade narcisista que se empenham em “salvar o mundo” porque anseiam pelo reconhecimento que vem disso. Normalmente, acreditam quesituações desesperadoras exigem medidas extremas.
E como situações tranquilas não demandam heroísmo, essas pessoas costumam defender que o mundo “sempre está em desespero”, precisando delas como salvadoras. Num dia é preciso “salvar o Brasil da corrupção”, no outro é urgente “salvar a democracia”. Os heróis vão surgindo.
E eles serem juízes parece estar na moda.
Vaidade e poder
O que incomoda este colunista não é o fato de eles serem ou terem sido magistrados, mas a satisfação que eles demonstram com os holofotes. Sergio Moro submergiu em arrogância e vaidade. Hoje vive na planície de suas limitações cognitivas, consumindo o restante do combustível que os políticos lhe deram no passado.
Mas sua atuação trouxe consequências ao país que nos estagnaram o desenvolvimento. Foi por causa de sua vaidade ao aceitar o convite para ser ministro da Justiça de Bolsonaro (PL) que a Lava Jato foi enterrada pelo seu próprio chefe, na época. E foi por causa de suas ações e omissões repreensíveis que Lula (PT) terminou solto e voltou à presidência.
Sua necessidade de protagonismo afundou o país em uma polarização e, de quebra, descredibilizou todo e qualquer combate à corrupção pelos próximos anos. O prejuízo ainda nem dá para ser calculado, porque está em curso.
O novo salvador
No caso de Moraes, em algum momento ele começou a ser apontado como o grande bastião da democracia, o garantidor dos direitos, artífice dos “injustiçados” quando partidos de esquerda perdem votações no Congresso Nacional. Não é um pássaro. Não é um avião. É o super Alexandre de Moraes.
A atuação do ministro do STF, mesmo quando extrapola todas as limitações legais possíveis, costuma ser relativizada pela opinião pública com um argumento já conhecido, o das medidas complexas para tempos complexos. “Ele está defendendo a democracia”.
Já vimos esse filme, com o outro “herói”, que “lutava contra a corrupção”.
Efeitos colaterais
O que Sergio Moro conseguiu no combate à corrupção foi afrouxar a resistência de todos aos desmandos do poder. Depois de ter mobilizado massas em sua cruzada, o ex-juiz caiu em desgraça e levou a esperança das pessoas por uma mudança nas práticas políticas junto com ele.
Se no imaginário popular você representa a Justiça e cai em descrédito, aquilo que você representa também vai à falência.
Os entusiastas de Moro ficaram tão anestesiados com a decepção que se abriu espaço para aceitar “orçamentos secretos”, “emendas pix” e outras institucionalizações da prática de meter a mão no dinheiro do pagador de impostos, sem resistência popular.
Alexandre de Moraes percorre um caminho parecido com a “defesa da democracia”? O que vocês acham?
Riscos reais
O complexo de herói costuma provocar grandes prejuízos. Há casos de pessoas acometidas desse mal que plantam bombas que só elas sabem desarmar, provocam incêndios em que “chegam primeiro” para salvar as vítimas ou tramam acidentes para os quais estão de prontidão como salvadores.
Se pessoas comuns oferecem risco à sociedade pela necessidade de alimentar o próprio ego com a busca por admiração coletiva, imagine o que juízes podem provocar.
Sacrifício ausente
Uma característica muito importante dos personagens dos quadrinhos é que eles sempre sacrificam tudo em nome de sua responsabilidade. Nenhum deles salva as pessoas porque deseja ser ministro da Justiça ou porque pretende ficar rico com contratos de advocacia da esposa advogada.
Quem não está disposto a se sacrificar e abrir mão de cargos e dinheiro em nome de seu heroísmo precisa aceitar uma vida normal, comum, que seja honesta. E assim, sem atrapalhar, já vai conseguir ajudar muito.




