Demanda de países em solicitação de providências sobre a crise entre EUA e Venezuela é nova oportunidade para a ONU mostrar renovada serventia
JC
Publicado em 25/12/2025 às 0:00
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Criada há 80 anos num mundo traumatizado pela II Guerra e a bomba atômica, a Organização das Nações Unidas (ONU) surgiu com a finalidade de garantir a paz e a segurança, através da cooperação entre os países. A partir daí, foi diversificando suas atividades, envolvendo o meio ambiente e os refugiados, por exemplo. Mas a convergência inicial de interesses da humanidade amedrontada não se revelou produtiva. Apesar dos avanços na disseminação da informação, do conhecimento e dos propósitos humanistas, a ONU tem acumulado mais fracassos expressivos do que êxitos indiscutíveis na missão de fazer do planeta Terra um lugar onde os povos e seus líderes vivam em harmonia e cooperação.
Sem cumprir o papel esperado em conflitos no Oriente Médio, ou na invasão da Ucrânia pela Rússia, a entidade global é novamente o foco da atenção, num período de crise deflagrada pelos ataques e bloqueio naval dos Estados Unidos na costa da Venezuela. Sob pressão de aliados venezuelanos de peso – russos e chineses – a ONU é instada a se posicionar em represália formal aos movimentos belicistas de Donald Trump, que visam abertamente a derrocada do ditador Nicolás Maduro do poder em Caracas. Com Trump na Casa Branca em seu segundo mandato, a estratégia de segurança nacional dos EUA tomou novo rumo, ameaçando cada vez mais a sustentação dos princípios que fundaram as Nações Unidas.
A reunião de forças militares no mar do Caribe e o impedimento de entrada e saída de petroleiros da Venezuela deflagram situação de crise, na qual há sensação de iminente ataque norte-americano para deposição de Maduro, enquanto a sanção econômica impõe ainda mais agruras ao povo venezuelano castigado pelo regime chavista. Pelo histórico das últimas décadas, a ONU não possui capacidade para demover Trump do ímpeto de guerra, caso o presidente dos EUA resolva prosseguir com o ensaio de invasão. A interlocução diplomática direta de outras potências, como a Rússia e a China, e até o alerta de queda de popularidade interna, têm mais chances de prosperar do que as represálias da ONU, por mais severas e contundentes que venham a ser contra Donald Trump.
No Conselho de Segurança das Nações Unidas, as posições estão definidas sem surpresas. A Venezuela levantou acusação de que os EUA praticam extorsão e pirataria, ferindo o direito internacional. Para a Casa Branca, as ações impedem que Maduro financie uma organização terrorista de comércio de drogas. Chineses e russos demoraram um pouco para se manifestar, mas enfim resolveram recorrer à ONU para criticar os EUA. Enquanto isso, países da América Latina, acompanhando tudo com apreensão, apelam para o bom senso em uma resolução negociada. Nesse campo minado diplomático, o Brasil anda de ponta dos pés, porque o presidente Lula não deseja ir contra ninguém, nem Maduro, nem Putin, nem Trump. Haja relativização de atos com palavras de baixíssima validade.
Se achar um caminho para pacificar esta crise, a ONU pode reencontrar a relevância – mas no atual cenário geopolítico, seria uma reviravolta surpreendente.




